Publicado em 3 de abril de 2014 às 15:41

Na Copa, jatinhos podem ser “guinchados” para liberar pátio

Atraso de voos, cancelamento de última hora e overbooking são alguns dos problemas enfrentados com frequência por quem utiliza os aeroportos brasileiros e que estão contribuindo para aumentar a frota nacional de aeronaves particulares – o Brasil já tem mais de 800 jatos executivos, ficando, assim, no segundo lugar mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, com aproximadamente 11.300 jatos.

Segundo Francisco Lyra, ex-presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), a aviação executiva deixou de ser vista como luxo e se transformou em ferramenta de trabalho para as empresas, por ser mais eficiente. Acontece que a estrutura aeroportuária do País já é incipiente para atender os voos comerciais, e com o volume maior de jatinhos, a situação piora.

Ciente desse quadro, o governo planejou um conjunto de regras para evitar transtornos durante a Copa do Mundo, e quem não respeitá-las, pode ter o jatinho “guinchado”. “Multar apenas não adianta, porque quem tem dinheiro pode preferir pagar a esperar que o avião volte de algum outro aeroporto. Essa, porém, não será uma opção”, defende Paulo Henrique Possas, diretor de Gestão Aeroportuária da SAC (Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República). Entre as punições estão: reboque, lacre, multa, proibição do uso da infraestrutura do aeroporto e perda da preferência para decolar.

Estrutura

Talvez “jatinho” não seja o termo mais apropriado para se referir a esses aviões particulares que vem aumentando de tamanho a cada dia. Hoje, eles chegam a ter a mesma dimensão de um avião comercial, podendo acomodar até cem pessoas. Alguns aeroportos do País, no entanto, não têm pistas com dimensões suficientes para suportar a aterrissagem de um desses voos e não têm condições de aumentar a sua estrutura. Os aeroportos de Campo de Marte (SP) e de Jacarepaguá (RJ), por exemplo, ficam próximos a condomínios, o que limita o crescimento deles.

Durante a Copa do Mundo, os aviões particulares poderão pousar nos aeroportos das cidades-sede (quinze no total) e em outras 66 unidades aeroportuárias. Dentro de cada aeroporto, foram criadas vagas temporárias para estacionamento, um total de 1.100 vagas extras, e as bases militares também poderão ser usadas, caso haja necessidade. O local de estacionamento do jatinho deverá ser indicado pela Aeronáutica. Ou seja, os passageiros desembarcam e o piloto segue para o local indicado pela Aeronáutica, sob risco de punição.

Expectativa

Segundo a empresa United Aviation Services (UAS), de Dubai, que opera fretamentos para mais de 500 empresas de táxi aéreo, cerca de 3 mil jatos são esperados no Brasil. Gustavo do Vale, presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero),  lembra que nas Copas da Alemanha (2006) e da África (2010) foi grande o movimento de jatos particulares nesse período, e o mesmo deve ocorrer no Brasil.

O maior receio das autoridades brasileiras é que suceda no País o mesmo o que aconteceu na Copa de 2010, na África. Na época, alguns torcedores em voos comerciais que iam para Durban assistir ao jogo entre Alemanha e Espanha pelas semifinais perderam a partida, porque não conseguiram pousar depois que as autoridades fecharam o aeroporto, devido ao congestionamento da pista.