Publicado em 5 de agosto de 2014 às 10:56

Porque você deveria investir mais em viagens (e na sua felicidade!)

Stuffocation, livro que acabou de ser lançado por um pesquisador britânico, provou cientificamente o que todo mundo já sabia: viajar vai te fazer mais feliz do que comprar coisas.

Felicidade

Todo mundo sabe que viajar não tem preço. Agora, você acabou de ganhar ainda mais motivos para fazer as malas: o pesquisador britânico James Wallman lançou um livro chamado “Stuffocation”, neologismo em inglês que mistura as palavras “sufocação” e “coisas”, em que demonstra cientificamente porque você deveria estar investindo mais nas suas viagens.

A teoria do especialista defende que nunca vivemos em sociedades com tanto poder de compra e, ao mesmo tempo, tão infelizes. Segundo ele, os bens materiais chegaram à uma espécie de saturação e isso nos traz sentimentos de ansiedade e frustração.

A solução para essa questão está numa tendência que tem crescido muito, principalmente entre os mais jovens. Hoje, cada vez mais pessoas tem consciência de que o que nos traz felicidade são as nossas experiências e não mais aquilo que possuimos.

Dentre as muitas boas notícias dessa descoberta, está a de que se você optar por gastar seu dinheiro em uma bela viagem ao invés de comprar um carro novo, estará provavelmente fazendo uma escolha acertada. E muita gente já sabe disso. Não foi a toa que, em 2011, o setor de luxo que mais cresceu foi justamente o das experiências.

Segundo Wallman, parece haver um sentimento coletivo em relação a termos muito mais do que precisamos. Algumas pessoas tem levado essa convicção ao extremo e vendido seus bens materiais, mas esses são casos isolados. A maior parte das pessoas não acredita nesse estilo de vida hippie e tem apenas mudado o jeito de gastar seu dinheiro – e uma dessas formas é justamente viajar. O livro de Wallman garante que essa escolha te fará mais feliz e cita cinco bons motivos para isso.

O primeiro é o que os cientistas sociais chamam de adaptação hedônica e, apesar do nome difícil, não significa nada mais do que o fato de que bens materiais te entendiam rápido, diferentemente das experiências. Isso explica o porquê de você querer mostrar seu celular novo para os seus amigos nos primeiros dias mas continuar contando os detalhes daquela viagem inesquecível durante meses. Aliás, pode continuar falando dela sem medo: Wallman afirma que uma pesquisa demonstrou que falar e ouvir sobre experiências é muito mais prazeroso do que sobre bens materiais.

O segundo bom motivo é a reinterpretação positiva. Basicamente, ela quer dizer que, se você comprar uma roupa, por exemplo, e depois achar que ela te caiu mal, isso vai gerar uma grande frustração e não há nada que você possa fazer a respeito. E, falar sobre isso vai ser grande desprazer. Em compensação, é muito raro que algo que deu errado em uma viagem estrague toda a experiência. Muitas vezes, depois que passam, os “perengues” viram boas histórias. Diferentemente da roupa, reviver a história pode se tornar divertido.

Em terceiro lugar, Wallman afirma que as experiências diminuem a ansiedade gerada pelo status, pois são mais difíceis de serem comparadas. Se eu compro um Fusca e meu vizinho possui uma Ferrari, é bem fácil dizer quem possui um carro melhor. Podem surgir dúvidas do tipo: “mas, não seria a mesma coisa se eu fosse para Presidente Prudente e meu vizinho passasse as férias no Caribe?”.

Wallman defende que não, porque esse julgamento dependeria de muitas coisas: o que seu vizinho fez no Caribe, com quem ele estava, como estava o tempo e o que lhe aconteceu lá são varíaveis não tão óbvias que podem alterar muito o valor de uma viagem. Também depende muito de você: se, em Presidente Prudente estavam pessoas queridas que você não via há anos, o que valeria mais? O julgamento não é nada simples.

Afinal, grande parte do sucesso de uma experiência tem muito mais a ver com nós mesmos do que com lugares propriamente ditos. Esse, alias, é o quarto bom motivo elencado por Wallman: viagens em geral contribuem para a criação de nossa identidade. E isso tem uma razão bem simples: você é feito das coisas que viveu e não daquelas que possui. Os bens materiais podem até mostrar para o mundo aquilo que você quer ser mas sabemos que, no fim das contas, são os seus valores, crenças e experiências que realmente definem quem é você.

O último motivo ( e talvez o mais importante deles) é que, enquanto os bens materias muitas vezes servem para nos distinguir dos outros, as experiências costumam ajudar numa aproximação com as outras pessoas. Por ser um animal social, o homem gosta de viver cercado de outros seres humanos e consequentemente, isso o faz mais feliz.

Se você achou as ideias de Wallman interessantes, vale a pena conferir esta entrevista aqui (em inglês).

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