Publicado em 7 de julho de 2014 às 16:48

De bike pelo mundo

Um dia, André Fatini se perguntou quão longe sua bike poderia levá-lo. Muitos quilômetros e dois continentes depois, a pergunta continua em aberto. Conversamos com o professor que está percorrendo o mundo com sua magrela.

André Fatini, 29 anos, é um professor de física que decidiu sair de bike pelo mundo. Hoje mais aventureiro do que professor, André resolveu dar um tempo às salas de aula e, no momento, empreende uma longa viagem que teve como ponto de partida o distante Alasca. Mas essa não é suaprimeira aventura: ele já percorreu toda a América do Sul e 15 países da Europa com sua magrela. Aliás, essa viagem pelo Velho Continente surgiu em parceria com o Curso Etapa, onde André lecionava, e resultou no projeto Etapa em Duas Rodas, que gerou cerca de 60 vídeos educacionais, onde o professor pôde aliar duas de suas grandes paixões: viajar de bike e ensinar. André, que sempre gostou de praticar esportes e adora desafios, também mantém um site, o Planeta Pedal, onde compartilha suas aventuras e belíssimas fotos dos lugares por onde passa. Conversamos com ele para saber mais sobre essa aventura.

Andre Fatini no Grand Canyon

André Fatini no Grand Canyon

Como surgiu a paixão pela bike?

André – É difícil lembrar o dia em que fui “fisgado” pela bike. Quando eu era mais jovem, o fato de economizar uns trocados com a condução e ainda praticar umexercício já me bastava para usar a bicicleta como meio de transporte. Daí, a praticidade, versatilidade e comodidade fizeram com que a bicicleta ganhasse mais espaço em meu dia a dia.

E a decisão de sair pelo mundo com ela?

André – Um dia me perguntei quão longe minha bike poderia me levar? Seria possível cruzar a América do Sul pedalando? Depois de uma breve pesquisa, percebi que os 4 mil quilômetros que separam os Oceanos Atlântico e Pacífico poderiam ser percorridos nos meus dois meses de férias de verão. Pensei: “Se eu pedalar 100 quilômetros por dia, em 40 dias consigo cumprir a distância total desde São Paulo até Antofagasta e ainda tenho 20 dias extras em caso de extensão de estadias ou imprevistos”.

Ao mesmo tempo que os lugares que eu percorreria me seduziam, o desafio físico também me motivava. Foi assim que surgiu a ideia da primeira cicloviagem.

Sem experiências anteriores e sem equipamento adequado, a primeira viagem foi um tremendo aprendizado. Afinei meus conhecimentos de mecânica da bicicleta, percebi quais eram os equipamentos necessários e de qualidade, aprimorei a língua espanhola, conheci paisagensdeslumbrantes e pessoas incríveis. Quando cheguei ao Oceano Pacífico, após atravessar a Cordilheira dos Andes e o Deserto do Atacama, sabia que a viagem não ia terminar ali.

Como é seu preparo físico?

André – Na verdade, não fiz nenhum treino específico. Fui pegando o condicionamento durante a viagem. As primeiras semanas foram mais tranquilas, com uma distância média diária de 60 quilômetros. Já no segundo mês passei a pedalar cerca de 80 quilômetros por dia e, depois de um tempo, já estava pedalando 100 ou 120 quilômetros por dia.

Qual a melhor parte de viajar assim? E a pior?

André – Há muitos bons motivos: além da prática de exercício, viajar de bike é uma ótima forma de conhecer lugares e amplia as possibilidades de destino, já que você chega alugares que de carro ou ônibus não dá. Além disso, é uma forma barata de viajar. Mas é claro que também tem o lado não tão bom. O pior são os dias de chuva,vento e preguiça, além do cansaço e das subidas… e também tem a questão da vulnerabilidade de ser um cicloturista.

Qual o lugar mais incrível que você conheceu?

André – Vixi… Essa pergunta vai ficando mais difícil à medida que você mais viaja! Com certeza, não é possível escolher um, mas posso citar alguns: Patagônia, em especial as Torres del Paine e Fitz Roy, Ilha Sul da Nova Zelândia, Alasca, Canadian Rocks e os Parques Nacionais Americanos.

Tem alguma história especial de sua atual viagem que você queira compartilhar?

André – O início da viagem foi um momento bem especial, pois fui para o Alasca só com uma sacola de roupas na mão. Deixei para comprar todo o equipamento lá, inclusive a bicicleta! Foram sete dias pesquisando, comprando, adaptando e montando tudo o que eu achava necessário para a “missão”. Esse momento de preparação associado com a empolgação e realização foi um momento muito marcante.

E sobre as páginas na internet? Como surgiu o Etapa em Duas Rodas? E o Planeta Pedal?

André – Assim que voltei do Chile, pensei em criar um blog e divulgar a viagem. Esse era o início do Planeta Pedal. Nos anos seguintes, o projeto ganhou força com outras duas cicloviagens: Patagônia, em 2009, e Nova Zelândia, em 2010. Em 2011, o Etapa aprovou meu projeto que relacionava cicloviagem com educação, uma forma descontraída e inovadora para divulgar o conhecimento. Durante todo o ano, pedalei por 15 países da Europa e, com a ajuda dos outros professores, foram produzidos 60 vídeos educativos. Como a parceria com o Etapa em 2 Rodas não foi extendida, o projeto Planeta Pedal foi atualizado e ganhou força com um novo site e uma fanpage no Facebook.

Como fica a profissão de professor?

André – Ainda não tenho planos para o retorno, mas com certeza a veia de professor continua pulsando. Tenho vontade de voltar a dar aulas e usar algumas situações da viagem para contextualizar e explicar algumas teorias da Física.

E daqui pra frente? Há outros projetos com a bike?

André – Falta mais um ano de pedal até voltar ao Brasil e ainda não tenho planos para outras viagens. Preciso ter um pé nas nuvens e o outro no chão! Assim que chegar, pretendo ficar alguns anos trabalhando e estudando antes de me aventurar de novo.

Gostou da história e quer continuar acompanhando a aventura do André? É só curtir o Planeta Pedal no Facebook: www.facebook.com/PlanetaPedalBike ou acessar o site www.planetapedal.com.br.

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